Animais não são 'alguém'

A linguagem que usamos para descrever os outros é extremamente importante, pois pode diminuir ou empoderar. Animais não são objetos ou posses inanimadas - são indivíduos vivos, conscientes e sencientes. Cada animal tem experiências subjetivas, sente prazer, felicidade, medo e dor. Quando falamos em trilhões de animais mortos, estamos falando de trilhões de indivíduos, cada um forçado a suportar a realidade que impomos a eles.

A objetificação dos animais através da linguagem serve como mecanismo psicológico para distanciamento emocional. Ao negar-lhes individualidade, facilitamos a ignorância de seu sofrimento. Entretanto, evidências demonstram que animais possuem consciência, senciência, experiências subjetivas e capacidade de formar vínculos sociais, características que os definem como indivíduos e não como objetos.

Ah, então se não usarmos a palavra 'alguém', magicamente eles deixam de ser seres sencientes que sentem dor e medo? Que conveniente! Vamos continuar chamando-os de 'algo' em vez de 'alguém' para nos sentirmos melhor sobre trancá-los em gaiolas e matá-los. Afinal, é muito mais fácil maltratar um 'isso' do que um 'alguém', não é?

O que define um 'alguém'? Se um ser é consciente, sente dor, forma vínculos, tem desejos e medos, não seria ele 'alguém'? Por que nossa linguagem nega individualidade a seres que claramente demonstram características individuais? Não seria essa negação apenas uma forma de justificar nosso tratamento para com eles?